Histórico de deslizamentos de terra no Brasil

Por Arthur Medeiros, graduando do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e extensionista do projeto Encosta Viva

Foto: Reprodução/Prefeitura Rio de Janeiro

A convivência com os deslizamentos de terra têm sido um desafio no Brasil, resultando em desastres de variados impactos, que inclui, principalmente, perdas de vidas, danos sociais e materiais. Sabemos que a ocorrência de deslizamentos pode ser um evento natural, mas há séculos também são registrados os impactos dos deslizamentos na sociedade, ou seja, situações de desastres, os quais vêm aumentando ano após ano, diante da maior exposição da sociedade sendo potencializado, ultimamente, pelas mudanças climáticas. Alguns destes desastres que deixaram marcas na história das geociências e social do Brasil são aqui relatados.

Abaixo, estão listados alguns deslizamentos históricos ocorridos no Brasil:
1957
Morros Monte Serrat, Caneleira, Embaré, Santa Terezinha e Marapé, Santos, SP
Em março de 1957, deixou 21 mortos e 50 famílias desabrigadas.
1966
Deslizamento em Petrópolis, RJ
Em março de 1966, causou 100 mortes e deixou 200 famílias desabrigadas.
2008
Blumenau, SC (2008) –
Em novembro de 2008, causou 24 óbitos e deixou mais de 25 mil pessoas desabrigadas.
2010
Angra dos Reis, RJ
Em janeiro de 2010, durante a virada de ano, causou 50 óbitos.

Morro do Bumba, Niterói, RJ
Em abril de 2010, deixando 48 pessoas mortas.

2011
Nova Friburgo, RJ
Em janeiro de 2011, causou 451 mortes.
2022
Petrópolis, RJ
Em fevereiro e março de 2022, causando 242 óbitos.

Angra dos Reis, RJ
Em abril de 2022, causou 11 óbitos.

Jaboatão dos Guararapes, PE
Em maio e junho de 2022, causando 64 mortes.
2023
São Sebastião, SP
Em fevereiro de 2023, causando 64 óbitos.

Além desses casos, o Brasil é palco de uma série de deslizamentos menores e recorrentes, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas e em encostas de morros. Municípios como Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belo Horizonte frequentemente enfrentam desafios relacionados a deslizamentos de terra, muitas vezes exacerbados por urbanização desordenada, ocupação irregular de terras e falta de infraestrutura adequada.


Para mapear e entender melhor esses eventos, o Atlas Digital de Desastres, uma iniciativa liderada pela Universidade Federal do Paraná, oferece valiosos dados sobre os desastres associados a movimentos de massa em todo o Brasil. Através de dados georreferenciados e análises detalhadas, o Atlas ajuda a identificar áreas de risco e a desenvolver estratégias de mitigação mais eficazes.

Exemplo de utilização do Atlas Digital de Desastres no estado do Rio de Janeiro de 1991 a 2022 (Fonte: Atlas Digital de Desastres no Brasil)
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O Marco de Sendai

Por Frederico Maciel graduando em Geologia da UFRJ, e extensionista do projeto Encosta Viva

Entenda a importância do Marco de Sendai na prevenção de desastres 

O Marco de Ação de Sendai foi definido em 2015 na Terceira Conferência Mundial da ONU para a Redução de Riscos de Desastres, na cidade de Sendai, no Japão,os 187 Estados presentes na conferência adotaram a Declaração de Sendai e o Marco para a Redução de Riscos de Desastres 2015-2030.


O marco estipulou sete metas a serem alcançadas até 2030, entre as quais se destacam a redução substancial da mortalidade global em desastres, a diminuição do número de pessoas afetadas e das perdas em relação ao produto interno bruto (PIB) global, entre outras. Essas metas serão medidas em nível global e serão complementadas pelo trabalho de desenvolvimento de indicadores apropriados. As sete metas globais são:

  • Reduzir mortalidade global por desastres

    Reduzir substancialmente a mortalidade global por desastres até 2030, com o objetivo de diminuir a taxa média de mortalidade global por 100.000 habitantes na década de 2020-2030 em comparação com o período de 2005-2015

  • Reduzir número de afetados

    Reduzir substancialmente o número de pessoas afetadas globalmente até 2030, com o objetivo de diminuir a média global por 100.000 habitantes na década de 2020-2030 em comparação com o período de 2005-2015;

  • Reduzir perdas econômicas

    Reduzir as perdas econômicas diretas por desastres em relação ao produto interno bruto (PIB) global até 2030;

  • Desenvolvimento de resiliência em resposta aos desastres

    Reduzir substancialmente os danos por desastres à infraestrutura crítica e a interrupção dos serviços básicos, incluindo instalações de saúde e educacionais, através do desenvolvimento de sua resiliência até 2030;

  • Investir em estratégias nacionais e locais de redução de risco

    Aumentar substancialmente o número de países com estratégias nacionais e locais de redução de riscos de desastres até 2020;

  • Cooperação internacional

    Reforçar substancialmente a cooperação internacional com os países em desenvolvimento através de apoio adequado e sustentável para complementar suas ações nacionais para a implementação do presente Framework até 2030

  • Sistema de alertas e avaliação de riscos

    Aumentar substancialmente a disponibilidade e o acesso a sistemas de alerta precoce e informações e avaliações de riscos de desastres multirriscos às pessoas até 2030.

Encosta Viva